Em missa de estreia, papa pede a
líderes que evitem guerras
Francisco dispensou o papamóvel
blindado e desfilou de jipe aberto; ele foi aplaudido ao beijar um
deficiente
Pontífice pregou ante 48 mandatários,
entre os quais o ditador do Zimbábue, proibido de visitar a União
Europeia
BERNARDO MELLO FRANCOFABIANO
MAISONNAVEFELIPE SELIGMANENVIADOS ESPECIAIS A ROMA
Na missa inaugural de seu pontificado,
o papa Francisco prometeu ontem dar atenção especial aos pobres e necessitados e
disse que os pontífices devem usar o poder para servir ao próximo de forma
"humilde e concreta".
Ele reforçou a mensagem ao dispensar o
papamóvel blindado, que era usado pelo antecessor Bento 16, e optar por um jipe
aberto para circular mais próximo aos fiéis na praça de São Pedro.
No trajeto, voltou a quebrar o
protocolo e surpreendeu a segurança ao descer do veículo para beijar um
deficiente. O gesto foi aplaudido pelo público, estimado em 150 mil pessoas pela
Santa Sé.
"Não esqueçamos jamais que o
verdadeiro poder é o serviço e que o próprio papa, para exercê-lo, (...) deve se
mirar no serviço humilde, concreto e rico de fé de são José", disse, na
homilia.
O novo papa prometeu acolher
"especialmente os mais pobres, os mais fracos e os mais pequeninos". "Quem tem
fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão", acrescentou, citando o
Evangelho de são Mateus.
Francisco afirmou que os sentimentos
de ódio, inveja e orgulho "sujam a vida" e receitou mais compaixão aos fiéis.
"Não devemos ter medo de bondade e de ternura."
Diante dos 48 chefes de Estado e de
governo e três príncipes, o pontífice pediu que as autoridades políticas e
econômicas cuidem do ambiente e evitem as guerras. "Não deixemos que o signo da
destruição e da morte acompanhe o caminho do nosso mundo", afirmou.
A missa foi acompanhada pela
presidente Dilma Rousseff, que hoje se reúne com o papa. Havia ainda presenças
polêmicas, como a do ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, que está proibido de
viajar à União Europeia, mas foi autorizado a pousar na Itália para a
missa.
"ARRUME A CASA"
O papa emérito Bento 16 foi
homenageado no início da homilia, mas não compareceu à missa do sucessor. Os
dois devem almoçar no sábado, em Castel Gandolfo.
Na praça, uma faixa estendida por
fiéis pedia que o novo pontífice "arrume a casa", numa referência aos escândalos
de pedofilia e corrupção que atingiram a igreja nos últimos anos.
Eleito há uma semana depois de entrar
no conclave fora das listas de favoritos, Francisco recebeu o anel de pescador,
símbolo do papado, às 9h46 locais (5h46 de Brasília). O ato foi saudado com
gritos de "viva il papa!".
A missa incluiu outros rituais de
posse, como a oração diante do mausoléu de são Pedro, no subsolo da Basílica de
São Pedro, e a entrega do pálio, acessório usado sobre as vestes do
papa.
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