segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

A CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO
E AS CLASSES SOCIAIS NO CAMPO

A concentração da produção

Tabela . Estratificação do Valor Declarado da Produção por classes de estabelecimentos rurais.  2006;

 (Salário mínimo mensal (2005/2006) R$ 300,00; Fonte da estratificação: Eliseu Alves (2010): Ganhar tempo é possível?



Valor da Produção* declarada em
salários mínimos


Número de estabelecimentos/famílias


Percentagem
do nº de estabelecimentos sobre o total
(%)

Valor Total da Produção Declarada
(R$)
1.000,oo

Percentagem do Valor da produção declarada sobre o total
(%)

Média Mensal
do Valor da Produção
(R$)
1.Estrato A
Estabelecimentos com mais de 10
s.m. mensais

424.000

(pequena burguesia agrária)

8%2

122.066.239

85%

24.012
Estabelecimentos com mais de 200
s.m. mensais

22.180
(Burguesia agrária)

0,4%

73.835.900

51%

277.311
2.Estrato B
Estabelecimentos com mais de 2 e
menos de 10
s.m. mensais

976.000

(camponeses integrados e usam pronaf)

19%

15.932.402

11%

   1.360
3.Estrato C
Estabelecimentos com  menos de  2  s.m. mensais

3.800.000
(camponeses pobres e sem terra)

73%

5.805.602

4%

     128
   4.  TOTAL
5.200
100
143.824.24333
100
---


Fonte dos dados:  Censo IBGE  Agropecuário 2006;
Somando os dados do Estrato A   com os do Estrato B tem-se:
27,1 % dos estabelecimentos rurais (1.399.974) são responsáveis
por 96,1% do valor bruto da produção declarada,

Estabelecimentos com mais de 200 s.m. mensais (0,4% do total)
produzem 51,34% do VPD, sendo a média mensal R$ 277,3 mil.

A concentração da produção ocorre simultaneamente à concentração da terra
e dos recursos naturais que ela suporta.

Na outra ponta, cerca de 50 empresas, a maior parte Empresas transnacionais controlam a venda de 80% de todos os insumos agrícolas, e  praticamente todo comercio de produtos agrícolas (commodities) para a exportação.


ASSALARIADOS RURAIS NO BRASIL-

Assalariados permanentes:  2.300.000  de trabalhadores

Assalariados temporários:    1.600.000 de trabalhadores ( a maior parte deles pertencem também ao setor de camponeses pobres, do ultimo estrato, por tanto pode ter dupla contagem)

Emprego de assalariados nas áreas do agronegócio (estrato A)=  aproximadamente 1.600.000 de  empregados.   Os demais são empregados pelo estrato B.


TOTAL DE TRABALHADORES RURAIS NO BRASIL(censo de 2010):  16 milhoes de pessoas adultos (acima de 16 anos)

Brasil tem sistema político ruralista, afirma jornalista Alceu Luís Castilho

Brasil tem sistema político ruralista, afirma jornalista Alceu Luís Castilho


Uma pesquisa meticulosa do jornalista Alceu Luís Castilho, no livro “Partido da Terra” (Editora Contexto), reativa o debate sobre a força e os interesses dos ruralistas na política brasileira.
Alceu apresenta um mapa dos políticos mais poderosos, que se confundem de maneira perturbadora com o latifúndio.
Com a tese central que a força da influencia ruralista vai muito além de sua bancada mais aparente, Alceu Luíz Castilho analisou por três anos as 13 mil declarações de bens que políticos eleitos apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de 2008 e 2010.
Setenta e sete políticos tem mais de 5 000 hectares cada um – território maior que Porto Rico. Não existe obrigatoriedade de declaração da área total da propriedade. Muitos divulgam apenas o valor em reais, em muitos casos defasado. Mesmo assim, pelo menos 2,03 milhões de hectares estão registrados na Justiça Eleitoral.
"A maior surpresa foi o PSDB ter liderado o ranking de prefeitos com mais hectares de terras", disse Alceu.A pesquisa do jornalista mostra também o peso das empresas do agronegócio no financiamento privada da campanha de parlamentares. Um exemplo é a JBS-Friboi, que “elegeu”, em 2008, 41 deputados federais e sete senadores.
Empresas de apenas cinco políticos – o senador Blairo Maggi (PR-MT), o prefeito de Lucas do Rio Verde (MT), Marino Franz (PPS), o deputado federal Newton Cardoso (PMDB-MG), o prefeito de Pompeu (MG), Joaquim Reis (PPS) e o deputado federal João Lyra (PTB-AL) – somam 1,1 milhões de hectares.
Abaixo, leia a entrevista concedida à Pàgina do MST.
De onde surgiu a ideia do livro?
Nas eleições de 2006, eu era correspondente da Associação Paulista de Jornais, que reúne 16 jornais de circulação no interior de São Paulo e ABC. Nesse ano, surgiu a ideia de levantar dados de deputados federais. Eu li o livro do Fernando Rodrigues, “Políticos do Brasil”. Achei interessante levantar dados fresquinhos dos 513 deputados. Isso virou uma série chamada “Câmara bilionária”, já que o total de bens passava de um bilhão de reais.
Percebi que os bens rurais eram os mais interessantes do ponto de vista jornalístico, porque existiam muitas contradições, como terras a preço de banana. A dimensão era muito grande.
A característica curiosa é que eles gostam de ostentar esses bens rurais. É claro que têm propriedades não listadas. O próprio livro diz isso. Mas muitos deles parecem ter um certo prazer em enumerar essas fazendas. É um fetiche.
Por que você seguiu essa metodologia de analisar bens declarados ao Tribunal Superior Eleitoral? Você encontrou informações incompletas ou defasadas nas declarações?
É algo que eles não podem contestar. No máximo, podem alegar algum erro. Por exemplo: eu vi um caso em 2006 de uma declaração de um deputado mineiro que constava 300.000 hectares. Depois, ele alegou que aquilo era um erro de digitação e disse que era 3.000. Agora, em princípio, é algo que não é uma investigação, uma denúncia jornalística. É uma base sólida para apuração.
Sobre os erros, na dúvida, eu deixava de lado. Me deparei com imprecisões; como no caso do deputado Nelson Mantovani (PSC), do Paraná. Tudo indica que ele tem milhares de hectares também. Cheguei a tentar contato, mas ele não respondeu.
Em outros momentos, dava pra ver que tinha erro, até de vírgula. Aí eu comparei com declarações antigas, no caso de deputados reeleitos. Aliás, eu analisei as declarações de todos aqueles que já tinham anteriores. Foi um meio de checar as informações.
Em algum momento da pesquisa, você pensou em desviar o foco dos ocupantes de cargos eletivos e analisar dos secretários indicados ou do Poder Judiciário, por exemplo?
O livro conta histórias também de políticos não eleitos de 2008 a 2010. Tem uma ou outra referência ao Poder Judiciário. Entretanto, o ponto de partida foi o critério metodológico de mapear os políticos eleitos para cargos vigentes nesse período de realização do livro.
O sistema de transparência na declaração de posses dos políticos em cargos eletivos está retrocedendo. Muitos não falam em tamanho território e, sim, em valor, que é mais facilmente manipulável para parecer menor.
Durante esses três anos de pesquisa, o quanto você se doava para esse projeto?
Em alguns períodos, eu trabalhei muito, algo como 14 horas por dia e nas minhas férias. Se eu tiver que calcular uma média diária, acho que foram umas cinco horas por dia espalhadas nesses três anos, entre pesquisa e texto. A pesquisa tem o trabalho braçal de checar cada uma das 13 000 declarações á procura de propriedades rurais. Foi um trabalho infernal. 
Como seu livro mostra a relação entre opressão de trabalhadores rurais, perseguição a movimentos camponeses e trabalho escravo com a posse de terra desses políticos? Em qual região esse tipo de violência é mais nítida?
Disparado Norte e Nordeste. A região Sul quase não tem relato de político envolvido em trabalho escravo. Tem muita gente no Pará e no Maranhão. Também não é por acaso. Maranhão é o estado que mais exporta trabalhadores aliciados para o trabalho escravo e Pará é o que mais recebe. Essas histórias são conectadas a alguns bens declarados, mas independem deles. O ponto de partida não foi esse necessariamente, mas foi que eles fazem isso. Foi uma tentativa de sistematização dessas histórias que estão dispersas.
Importante é destacar que o arco dos territórios desses políticos bate com o arco do trabalho escravo, do desmatamento, das mortes de militantes. Nem preciso falar do arco de terras griladas já que está espalhado por todo o território.
Em relação ao trabalho escravo, tive a preocupação de fazer a conexão com os bens que eles declaram. Isso porque existe caso de político investigado, que chegou a ir para a lista suja, mas que nunca declarou a fazenda. Então, tem essa novidade, alguns dados são absolutamente inéditos nesse sentido.
Até cruzando dados no meio da pesquisa dá para perceber que tal pessoa é político. Isso em relação a crime ambiental foi mais comum no livro. Saia de  nomes envolvidos em crime ambiental que eram prefeitos.
Como o financiamento de campanha entra nesse jogo de interesses? Você faz o mapeamento das empresas e dos congressistas influenciados por estas nas votações, por exemplo: na aprovação do novo Código Florestal?
No capítulo sobre financiamento de campanha, listo empresas que mais fizeram doações para políticos, caso da JBS-Friboi, e menciono o caso da votação do novo Código Florestal. Da bancada da JBS-Friboi, na votação do ano passado do Código Florestal, só um deputado votou contra o projeto. Em 2012, apenas dois que receberam dinheiro do grupo votaram contra.
O livro mostra que partidos da “esquerda e direita” têm políticos donos de terra. Algum deles surgiu como surpresa para você?
A maior surpresa foi o PSDB ter liderado o ranking de prefeitos com mais hectares de terras. Eu achava que seria o PMDB. Os números são absolutos. Não fiz a conta de proporcionalidade em relação à dimensão do partido. Isso é um dado extremamente relevante, porque o PSDB não é o primeiro nem o segundo partido do país.
O PR não é um partido tão grande e avança muito também, ficando entre os três primeiros na lista. Achei que o DEM teria mais prefeitos latifundiários, por conta do número de parlamentares.
Por um lado, a gente destacar que são partidos tradicionalmente associados com coronéis, como o PMDB e DEM, estão no topo desse ranking, somados ao PSDB, que geralmente não é associado a isso. Em paralelo a essa representação das elites, tem o que eu chamei de esquerda latifundiária, que são políticos do PPS e do PSB.
Se os latifundiários estão espalhados por quase todos os partidos, existem interesses antagônicos à bancada ruralista no Congresso?
Mais que uma bancada ruralista, existe um sistema político ruralista. Essa bancada é maior do que se considera e composta por mais políticos do que esses que se costuma associar à bancada ruralista, como a Kátia Abreu Ronaldo Caiado, Abelardo Lupion. Isso precisa ser desmitificado.
A começar: José Sarney é um ruralista, Renan Calheiros é um ruralista. Presidentes do Senado, simplesmente. O Michel Temer está citado no livro, acusado de grilagem em Goiás. O José Alencar também está citado no livro, por conta da Coteminas (empresa do ramo têxtil fundada por ele) ser acusada de promover trabalho escravo. Então, estamos falando de vice-presidentes da República.
É importante falar disso. Os figurões do PT e PSDB não são caracterizados por isso, já quem orbita em torno deles está, como os ministros de seus governos e os líderes que controlam o Congresso. Os presidentes dependem de maioria no Congresso, então formam e são reféns do que eu chamo de sistema político ruralista. Eles dependem dos políticos de origem patrimonialista e coronelista.
Você fala de famílias tradicionais e até clãs se mantendo nos cargos de poder. Como isso se dá?
Tudo isso tem a ver com o coronelismo. Inclusive é, em muitos casos, anterior à era Vargas e à ditadura de 1964, que se perpetuam por essa questão do apadrinhamento, inclusive o apadrinhamento político.
O livro procura documentar casos de parentesco. Por exemplo, irmãos no Mato Grosso que são senador e deputado federal: Jayme e Júlio Campos. Prefeito e mulher deputada estadual, Cleide Coutinho e o prefeito Humberto Coutinho, que estão entre os maiores latifundiários. Um caso importante é o do Abelardo Lupion, que é neto do Moisés Lupion, ex-governador, que é apontado por mais de um autor com emblemático na grilagem e doação de terras públicas.
Em relação à ditadura militar, esse sistema ruralista independe. Proporcionalmente, filhos do MDB têm mais terras que os filhos da Arena. É só olhar quais são os partidos com maior número de hectares: PMDB e PSDB. São filhos do Arena? Não.
Se a base da maioria desses políticos é regional, como eles continuam sendo eleitos, mesmo tomando medidas impopulares?
Não entro diretamente nesse ponto. No entanto, boa parte das medidas tomadas por esses políticos tem interesse privado. Por exemplo, o prefeito faz uma estrada que leva às propriedades dele ou mantém uma ambulância na sua fazenda. O controle dos coronéis em relação ao seu eleitorado se dá por meio da violência e da pressão econômica e política.
Eu questionaria essa ideia de que as medidas são necessariamente impopulares. São impopulares, sim, para o campesinato conscientizado. Já em outros casos, entra no clientelismo. O eleitor acha que está sendo beneficiado, porque não vê o conjunto e suas consequências.
Políticos eleitos são acusados de manter trabalhadores em situações análogas à escravidão em seus territórios, o que agride os direitos humanos. Provas como essas apontam um desgaste do sistema de representação política no Brasil?
Essas pessoas estão comprometidas com o poder econômico. Não  necessariamente com o das multinacionais. Pode ser até um poder do atraso, ligado ao latifúndio. É preciso haver uma mudança no nosso sistema de representações, sem dúvida. Não serão reformas cosméticas que vão mudar essa lógica política predadora, patrimonialista, clientelista, excludente e violadora de direitos humanos elementares, como no caso do trabalho escravo e dos indígenas e sem-terra mortos e ameaçados.

Cooperados ganham 44% mais do que os que atuam isoladamente

Da Redação

mpulsionados pela necessidade de ter mais eficiência, escala e competitividade, é cada vez mais crescente a concentração e expansão de grandes grupos empresariais na agricultura mundial



Os pequenos e médios produtores rurais, por seu lado, veem no modelo de cooperativismo a oportunidade de se tornarem ‘grandes’ e conseguirem se manter na atividade dentro do atual ambiente de negócios. É esta condição que a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso - Aprosoja-MT irá apresentar, nos próximos dias 22 e 23 de agosto, em um Seminário de Cooperativismo que será realizado em Sorriso. Por meio do Programa de Fomento e Intercâmbio de Cooperativas de Produtores - Cooprosoja, a entidade objetiva estimular os agricultores a trabalhar em grupos ou em cooperativas para redução de custos e aumento dos ganhos.

O seminário vai reunir especialistas no assunto, como o professor Fábio Chaddad, um dos principais consultores e estudiosos em estratégia e organização de cooperativas, com muitos trabalhos realizados no setor. Chaddad é atualmente professor da Universidade do Missouri (EUA) e vai a Mato Grosso para apresentar o estudo que está realizando em conjunto com a Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Mato Grosso (OCB-MT) sobre as melhores práticas cooperativistas do estado. O professor levantou dados e analisou o atual modelo das dez maiores cooperativas agrícolas do estado.

Uma pesquisa da Aprosoja apontou que Mato Grosso possui 13% dos produtores de soja, milho e algodão em sistema de cooperativas, de um universo de 4.331 produtores analisados. A grande maioria dos cooperados está na cultura do algodão.

A Aprosoja pesquisou também junto aos associados da entidade de que forma eles negociavam a compra de insumos e a venda da produção. O levantamento foi realizado pelo Instituto de Pesquisas Vetor e os resultados foram: 75% informaram que compram os insumos de forma individual; 16% em condomínios ou cooperativas; 5% em grupo informal; 3% compram parte dos insumos em grupo formal e 2% parte em grupo informal.

No quesito venda da produção, 83% dos entrevistados comercializam individualmente a produção; 10% em condomínio ou cooperativas; 2% em grupo informal; 3% comercializam parte em grupo formal e outros 2% parte em grupo informal.

A Aprosoja aferiu que os produtores de soja cooperados tiveram ganhos de 44% a mais do que os que atuaram isoladamente. A rentabilidade foi de seis sacas a mais por hectare dos cooperados frente aos não cooperados. As informações foram obtidas com base nos dados da safra 2010/11.

Programação

O Seminário de Cooperativismo tem início no dia 22, às 14h, na sede do Sindicato Rural de Sorriso, com apresentações de Fábio Chaddad, da Aprosoja, da OCB, Sicredi e da consultoria Prado & Suzuki, que elaborou um manual prático das cooperativas agrícolas. Haverá também uma palestra do Instituto Pró-Governança, criado para identificar sinergias entre as cooperativas agrícolas já existentes no estado. O dia seguinte será de visitas e reuniões em duas cooperativas sediadas no município, a Cocaen e a Covil, esta última exclusiva de armazenagem.



MST ataca veículos de autoridades antes de evento com Dilma em AL

Manifestantes obstruíram rodovias e Batalhão de Operações Especiais interveio, o que gerou a confusão; não há informações sobre feridos

Estado de sao paulo,17 de agosto de 2012 | 12h 13
Rafael Moraes Moura, enviado especial
MARECHAL DEODORO (AL) - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) atacaram na manhã desta sexta-feira, 17, veículos de autoridades alagoanas que se dirigiam a uma nova unidade da fábrica da Braskem, onde haveria cerimônia com a presença da presidente Dilma Rousseff.
Os manifestantes obstruíram uma das principais rodovias de acesso à fábrica, localizada no município de Marechal Deodoro, a 30 quilômetros de Maceió. Com a intervenção do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que atirou bombas de efeito moral, os sem-terra foram para cima dos veículos.
Segundo relatos ouvidos pela Agência Estado, pelo menos quatro veículos foram danificados - um de uma equipe de um jornal local, dois do governo de Alagoas e o veículooficial do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Sebastião Costa Filho. Não há relatos sobre se há ou não feridos.

Protesto de sem-terra contra Dilma acaba em confronto em AL

Cerca de 250 trabalhadores rurais sem terra foram impedidos ontem de se aproximar de um evento onde estava a presidente Dilma Rousseff, em Marechal Deodoro (AL).

Houve confronto com a Polícia Militar, que dispersou os sem-terra com bombas de gás. Em nota, entidades de luta por terra acusaram o governo federal de "negligência e descaso" com reivindicações de movimentos sociais.

A reportagem é de Fábio Guibu e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-08-2012.

Barrados pela PM a cinco quilômetros do evento, uma inauguração de unidade da Braskem, os sem-terra bloquearam a BR-314 com galhos, impedindo a passagem de autoridades e convidados.

Portando faixas com frases como "Dilma: a pior presidente para a reforma agrária", manifestantes tomaram as pistas e passaram a reivindicar o direito de se aproximar da solenidade.

Vários veículos ficaram retidos no congestionamento, entre eles os do presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Sebastião Costa Filho, e os dos senadores alagoanos Renan Calheiros (PMDB) e Benedito de Lira (PP).

O desembargador desceu do carro para discutir com os manifestantes, que portavam pedaços de pau. Segundo o senador Lira, por pouco o magistrado não foi agredido.

Ainda segundo o senador, o carro do presidente do TJ-AL foi amassado a pauladas.

Com a confusão, tropas de elite da PM alagoana entraram em ação. Tiros de bala de borracha foram disparados e bombas de efeito moral, lançadas em direção aos manifestantes, que recuaram.

A rodovia foi reaberta após 40 minutos e os sem-terra, ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a outros três movimentos sociais defensores de causas dos trabalhadores rurais, deixaram o local. Ninguém foi preso ou se feriu.

MAIS MANIFESTANTES


Outros 200 manifestantes ligados a sindicatos, instituições federais e ao movimento estudantil também foram barrados, mas não participaram do tumulto. Um grupo de cem pessoas, que chegou às 5h30, conseguiu furar o bloqueio policial, mas foi retido a um quilômetro da fábrica inaugurada ontem.

Em nota conjunta, os movimentos sociais repudiaram a "ação violenta do Estado brasileiro". Segundo as entidades, elas haviam sido informadas que poderiam ficar a 300 metros do evento.

"O governo Dilma continua dando sequência à política de negligência e descaso com as reivindicações dos movimentos sociais", diz a nota.

A presidenta Dilma Rousseff foi recebida em Alagoas na manhã desta sexta-feira (17), com protesto e bloqueio de rodovia organizados pelos servidores federais, em greve, e trabalhadores rurais, ligados a quatro movimentos sociais. O protesto é uma homenagem a presidenta, que está no Estado para participar da inauguração de uma planta da Braskem.



Crédito: Alagoas24horas




Participam da mobilização os servidores públicos federais da Educação, Saúde, Judiciário e Polícia, como também os trabalhadores rurais ligados ao Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Comissão Pastoral da Terra (CPT).
“É uma aliança do campo com a cidade, em que os trabalhadores vão recepcionar a Presidenta da República, uma vez que o país se encontra numa situação de calamidade”, destacou o coordenador nacional do MLST, Josival Oliveira, considerando que o governo do Partido dos Trabalhadores é um governo em “crise crônica”.
As pautas de mobilização são as mais diversas, porém os trabalhadores rurais destacam que as demandas do movimento não são mais atendidas e que o processo de Reforma Agrária em todo país, inclusive em Alagoas, está paralisado.
Já o Comando Unificado dos Servidores Públicos cobra que seja aberto um canal de negociação, entregando assim um documento com as pautas de reivindicação de cada categoria. “Já que não podemos entrar no evento, ficaremos aqui mesmo, pelo menos faremos chegar o nosso recado”, concluiu Oliveira.

Saia justa presidencial
Em meio às ondas de manifestações e adesões dos vários segmentos de servidores que aderem à greve, a presidenta precisou deixar ontem o Palácio do Planalto, em Brasília, pela porta dos fundos.
O motivo da saída da presidenta ‘à francesa’, como foi noticiado pela imprensa na noite da última quarta-feira (15), foi devido ao bloqueio provocado pela concentração dos servidores aposentados do INSS na entrada do Palácio.

Os alimentos que estão em risco de extinção no Brasil

Há cerca de 800 alimentos que correm o risco de sumir do mapa, de entrar em extinção mesmo, como certos animais. Dezenas deles só no Brasil. Xavier Bartaburu, um dos grandes repórteres de nossa geração, conhece o país de ponta a ponta. Agora, ele está visitando comunidades brasileiras onde esses alimentos são produzidos de forma artesanal e sustentável para contar suas histórias. Garantir a preservação deles não é  importante apenas por questões de biodiversidade, mas também porque esses alimentos nos lembram como chegamos até aqui e a nossa identidade.
Pedi para o Xavier um texto para o blog sobre esses alimentos em risco. Segue abaixo.
Coma enquanto é tempo
Deixemos de lado a ararinha-azul, por enquanto, e falemos da cagaita. E também da mangaba, do baru e do berbigão. E de outras dezenas de alimentos brasileiros que, como os bichos, correm igual risco de extinção. Afinal, comida, antes de ser refeição, também é ser vivo. E, como tal, pode sumir do mapa antes mesmo que você saiba de sua existência. Veja a cagaita, fruta do Cerrado aparentada com a pitanga: enquanto ela não chega à sua mesa, os cagaiteiros vão sendo sumariamente derrubados para dar lugar a pasto para o gado e lavouras de soja.
O fato é que existe um patrimônio alimentar, tão valioso como ignorado, que há séculos consiste em fonte de subsistência e identidade para milhares de comunidades tradicionais no Brasil e no mundo. Ou seja, essa população não só mata a fome e extrai renda desses alimentos como, em muitos lugares, faz da sua exploração uma expressão própria de suas tradições culturais. É o caso, por exemplo, das quebradeiras de babaçu do Maranhão, dos pescadores de Pirarucu no baixo Amazonas e dos índios Sateré-Mawé, produtores de guaraná nativo.
Proteger a biodiversidade alimentar seria, assim, uma maneira de também garantir a essas comunidades o acesso aos recursos naturais dos quais dependem. Da mesma forma que, com o devido apoio, as famílias podem estimular a produção e torná-la viável comercialmente – nesse caso, a demanda do mercado ajudaria a preservar o produto. Foi o que aconteceu no sertão baiano, de onde todo ano saem milhares de potes de geleia de umbu para correr o mundo.
Essa, claro, é a parte difícil. Afinal, quem quer saber de umbu num mundo onde quem dita as regras à mesa são o agronegócio e a indústria alimentícia? Não bastasse o desprezo do mercado, os pequenos produtores são ainda obrigados a conviver com a destruição do habitat – como ocorre nos manguezais sergipanos, onde vive o caranguejo aratu –, a dependência dos atravessadores e a falta de estímulo às gerações mais jovens, irremediavelmente impelidas ao êxodo rural.
Por sorte ainda tem quem goste de umbu ou de cagaita, e é desse pessoal que tem vindo o principal incentivo aos pequenos produtores. São, basicamente, chefs e gourmets empenhados em identificar, resgatar e divulgar sabores esquecidos ao redor do mundo. Alguns agem por conta própria, mas muitos estão conectados à Fundação Slow Food para a Biodiversidade, entidade criada há três décadas na Itália e que hoje tem mais de 100 mil associados em 150 países.
Sua bandeira é a chamada ecogastronomia, conceito que alia o prazer de se comer à consciência social e ambiental. Para a Slow Food, a comida, para ser de qualidade, deve também ser socialmente justa e ambientalmente limpa. Uma de suas ações nesse sentido é a criação da Arca do Gosto, uma lista que tem por objetivo divulgar o patrimônio mundial alimentar em vias de extinção.
Todos os produtos aqui citados pertencem à Arca brasileira – são 24 no total. No mundo, a lista ultrapassa os mil itens, da baunilha de Madagascar ao queijo da Transilvânia. A ideia é que, uma vez na Arca, um ingrediente avive o interesse do público e do mercado a ponto de estimular sua produção e, mais adiante, garantir sua presença no planeta. Paladares exigentes agradecem.

Um encontro histórico de camponeses

Um encontro histórico de camponeses
Esperamos que o resultado seja a construção de uma unidade programática, em torno de pontos comuns, para enfrentar os mesmos inimigos.


Entre os dias 20 e 22 de agosto, no Parque da Cidade em Brasília (DF), se realiza um encontro nacional de todos os movimentos sociais e entidades que atuam no meio rural brasileiro. Lá estarão os representantes do movimento sindical como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), dos movimentos sociais do campo vinculados a Via Campesina Brasil como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Estarão também os movimentos de pescadores e pescadoras artesanais do Brasil e representantes das centenas de agrupamentos quilombolas esparramados pelo país. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também marcarão presença com a questão indígena. As pastorais sociais que atuam no meio rural, como Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas, Pastoral da Juventude etc, e também dezenas de outros movimentos regionalizados ou de nível estadual se farão presentes.
Assim, será, portanto, um encontro unitário, plural e expressivo de todas as formas de organização e representação que existem hoje no meio rural brasileiro, abrangendo desde os assalariados rurais, camponeses, pequenos agricultores familiares, posseiros, ribeirinhos, quilombolas, pescadores e povos indígenas. Todos unidos, independente da corrente política ou ideológica a que se identificam.
Esse encontro será histórico, porque que na trajetória dos movimentos sociais do campo essa unidade somente havia ocorrido uma vez, em novembro de 1961, quando se realizou em Belo Horizonte (MG) o I Congresso Camponês do Brasil. Naquela ocasião também se unificaram todos os movimentos, de todas as correntes políticas-ideológicas, desde o PCB, PSB, esquerda cristã, PTB, brizolistas e esquerda radical. A unidade foi necessária, apesar da diversidade, para cerrar fi leiras contra a direita e dar força ao novo governo popular de João Goulart para assumir a bandeira da reforma agrária e elaborar uma lei inédita de reforma agrária para o país. Daí que o lema resultante dos debates e que iria orientar a ação prática dos movimentos foi “Reforma agrária: na lei ou na marra!”
Passaram-se 50 anos para que, mais uma vez, todas as formas de organização da população que vive no campo viessem a se reencontrar. E agora com uma representação ainda maior, acrescida dos quilombolas, pescadores e povos indígenas, que na época nem se reconheciam como formas organizativas de nosso povo.
E por que foi possível realizar esse encontro? Por várias razões. Primeiro, porque o capital está em ofensiva no campo. Sob a hegemonia do capital financeiro e das empresas transnacionais está impondo um novo padrão de produção, exploração e espoliação da natureza: o agronegócio. E o agronegócio construiu uma unidade, uma aliança do capital, aglutinando o capital financeiro, as corporações transnacionais, a mídia burguesa e os grandes proprietários de terra. E essa aliança representa hoje os inimigos comuns para toda a população que vive no meio rural, e que depende da agricultura, da natureza, da pesca, para sobreviver.
Em segundo lugar, porque estamos assistindo à subserviência do Estado brasileiro, em suas várias articulações a esse projeto. O poder Judiciário, as leis e o Congresso Nacional operam apenas em seu favor.
Em terceiro lugar, estamos assistindo a um governo federal dividido. Um governo de composição de forças, que mescla diversos interesses, mas que o agronegócio possui maior influência, seja nos ministérios seja nos programas de governo.
Em quarto lugar, percebeu-se que essa forma de exploração e de produção do agronegócio está colocando em risco o meio ambiente, a natureza e a saúde da população, com o uso intensivo de agrotóxicos, que matam. Matam a biodiversidade vegetal e animal e matam indiretamente os seres humanos, com a proliferação de enfermidades, em especial o câncer, como têm denunciado os cientistas da área de saúde.
Em quinto lugar, porque o país precisa de um projeto de desenvolvimento nacional, que atenda aos interesses do povo brasileiro e não apenas do lucro das empresas. Nesse projeto, a democratização da propriedade da terra e a forma como devemos organizar a produção dos alimentos é fundamental.
Em sexto lugar, é necessário que se reoriente as políticas públicas, de forma prioritária para preservar o meio ambiente, produzir alimentos saudáveis com garantia de mercado, e garantia de renda e emprego para toda a população que mora no interior.
Em sétimo lugar, é necessária colocar na pauta prioritária dos movimentos sociais do campo a democratização do acesso à educação, em todos os níveis. Desde um programa massivo de alfabetização, que tire da escuridão os 14 milhões de adultos brasileiros que ainda não sabem ler e escrever, até garantir o acesso ao ensino médio e superior aos mais de 3 milhões de jovens que vivem no meio rural.
Tudo isso será debatido durante os três dias do Encontro Nacional de Trabalhadores Rurais.
Esperamos que o resultado seja a construção de uma unidade programática, em torno de pontos comuns, para enfrentar os mesmos inimigos, como também se possa avançar para construir uma agenda de lutas e mobilização unitária para 2013.
Salve o II encontro nacional de todos os trabalhadores e populações que vivem no interior do Brasil!


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Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
Secretaria Operativa Nacional
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site: www.contraosagrotoxicos.org



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