quarta-feira, 28 de março de 2012

2ª REUNIÃO DAS PASTORAIS SOCIAIS DE IGUATU

Reunião da Articulação Diocesana das Pastorais Sociais
Quarta: 21 de Março de 2012  – Iguatu –Ceará

Encaminhamentos

I.              Mapeamento dos Impactos dos Grandes Projeto na Diocese de Iguatu: Transposição do Rio São Francisco e Transnordestina:

·         Equipe : Maria de jesus, auxiliadora, Alcileide, Adilia,Marconi,Claudiano
·         Visitas nas comunidades Impactadas: santo antonio dos bonitos,santo antonio dos modestos, chico mendes, Brito I e II, Mineiro, Lagradouro,piauizinho,GH1 e GH 2, Mandacarú, cipó, santa rita e carlos gomes,
·         Data: segunda: 09 de abril de 2012;
·         Fazer um relatório dos resultados do mapeamento para ser apresentado no encontro diocese das pastorais sociais em abril
·         Enviar o resultado do mapeamento para o regional;
·         Realizar uma reunião com o promotor de justiça de cedro, sobre as questões da Transnordetina;

II.            Encontro Diocesano de Formação das Pastorais Sociais

·         Temática: Doutrina Social da Igreja, 50 anos do Vaticano II foco na dimensão social, Identidade e Mística das Pastorais Sociais;
·         Assessores Propostos: Pe. Luís sartorel, Fernando Gondim, Carlos Tussi, Fernando Paixão, Fernando Cavalcanti;
·         Data: 20 a 22 de Abril de 2012;
·         Local: Centro Pastoral de Acopiara;
·         Estadia: R$ 45,00
·         Nº Total de Participantes Previsto: 80
·         Publico e vagas: Coordenadores  Diocesano das Pastorais Sociais Especificas, diretores, presidentes dos movimentos sociais e organismos, Membros da articulação Diocesana das Pastorais Sociais,03 pessoas de cada paroquia ligadas as pastorais sociais, Bispos, Padres, Religiosas;
·         Divisão de tarefas: equipes de serviços:
Sexta: 20 de Abril de 2012
Acolhida, credenciamento, hospedagem, ambiente: (Pastoral Carcerária e CPT);
Mística, apresentação e Filme: (PJMP);
Encaminhamentos: (Coordenação Diocesana);
Secretaria: Caritas e CDDH;
Sábado: 21 de abril de 2012
Mística inicial: (Comissão Brasileira de Justiça e Paz e Cebs);
Condução do estudo e encaminhamentos: (Coordenação e assessores);
Secretaria: Caritas e CDDH;
Domingo: 22 de abril de 2012
Celebração eucarística: (Pastoral da Criança);
Planejamento e Encaminhamentos: (Coordenação)
·         As três pessoas que viram de cada paroquia ao retornar deverão articular as pastorais  sociais paroquial;
·         A paroquia pagara R$ 45,00 referente a estadia também pagará as passagens das três pessoas que enviará;
·         Fazer a carta do encontro: (claudiano e padre joão batista);
·         Fazer contatos com os assessores: (Claudiano);
·         Fazer levantamento das despesas e orçamento do encontro: (Claudiano);
·         Mobilizar e articula paroquias: (Alcileide e Marconi);
·         Ambiente: montar o estande das pastorais sociais;
·         Cada pastoral social especifica deverá preparar um apresentação dinâmica de suas ações para ser repassado no encontro;

III.           Projeto Financeiro:

·         Claudiano e Marconi ficaram responsáveis de organizar o Projeto, fechar o orçamento e enviar para o padre João Batista;
·         O Padre João deverá apresentar o projeto a Diocese;

IV.          Agenda:
Reuniões da Articulação Diocesana Pastorais Sociais:
Terça: 03/abril/
09/Maio/
18/Junho/
06/Julho/
11/Agosto/
18/Setembro/
13/Outubro/











Iguatu, 21 de Março de 2012.

1ª REUNIÃO DA ARTICULAÇÃO DIOCESANA DAS PASTORAIS SOCIAIS

Reunião  Pastorais Sociais
Encaminhamentos: 11 de Fevereiro de 2012

Agenda das reuniões da coordenação diocesana das pastorais sociais
Datas das reuniões:
21/março/ 11/abril/ 09/maio/ 18/junho/ 07/julho/
11/agosto/ 18/setembro/ 13/outubro/
Realização de mapeamento dos impactos dos grandes projetos na diocese de Iguatu;
Nacional: Transposição e transnordestina
Estadual: centro de convenções e Dnocs;
Equipe responsável: Claudiano, Maria de Jesus, alcileide, Marconi e alssiliadora;
Prazo: ate 29 de fevereiro de 2012;
Articulação das pastorais sociais nas paroquias
Levantamento pra saber onde quais as pastorais sociais existentes;
Realizar visita e reuniões de articulação e estudo sobre identidade;
Conversar com Padre Jaime Sobre a possibilidade de articular uma reunião da pastoral carcerária para     se   discutira a articulação diocesana e definir a coordenação;
Participar dos eventos  diocesano das pastorais especificas;
Cebs e PJMP oficialmente   estão noutras comissões mas nós das pastorais sócias reafirmamos aqui a importância de continuarmos nos articulando com essas instancias;
Encontro diocesano de Formação das Pastorais Sociais
Tema: doutrina social da igreja/ identidade das pastorais sociais/50 anos
           Vaticano II foco na dimensão social
Assessores propostos: Padre Junior ( Limoeiro do Nortes) e Dom Mauro;
Data: 20 a 22 de abril de 2012
Inicio dia: 20/ com o jantar;
Termino dia: 22/ com o almoço;
Vagas: os coordenadores  diocesano das pastorais sociais especificas, 05 vagas pra cada paroquia e convidados;
5ª Semana Social Brasileira
Articulação nos zonais e paroquias de maio a agosto de 2012; momento de preparação e construção;
Combinar com os padres dos zonais sobre essa possibilidade de que um encontro do zonal seja voltado para 5ª semana social;
Realizar um momento de aprofundamento da 5ª semana social nos encontros dos zonais. c
De: 10 a 16 de Setembro de 5ª semana Social Diocesana;

quinta-feira, 8 de março de 2012

No dia 8: luta e indignação - Nancy Cardoso

(Nancy Cardoso Pereira é pastora metodista e colaboradora do CEBI. É autora de À procura da Moeda perdida e de Remover pedras, plantar roseiras, fazer doces)

Dia de luta dos movimentos internacionalistas de mulheres, o 8 de março nunca foi um dia fácil de engolir! Entre o fim de fevereiro e o começo de março as mulheres socialistas dos inícios de 1900 na Rússia, na Europa e nos Estados Unidos celebravam seu dia de luta a partir de acontecimentos importantes: greves, manifestações, enfrentamentos!

Em plena Guerra Mundial, em 1917, na Rússia, as mulheres socialistas realizaram seu Dia da Mulher no dia 23 de fevereiro, pelo calendário russo. No calendário ocidental, a data correspondia ao dia 8 de março. Neste dia, em Petrogrado, um grande número de mulheres operárias, na maioria tecelãs e costureiras, contrariando a posição do Partido, que achava que aquele não era o momento oportuno para qualquer greve, saíram às ruas em manifestação; foi o estopim do começo da primeira fase da Revolução Russa, conhecida depois como a Revolução de Fevereiro.

O que elas queriam? O que nós queremos?

Abolir a propriedade privada? Com certeza!! Abolir a propriedade privada como base da sociedade que estrutura desigualdades, cria hierarquias de poder e mantém uma sistemática guerra contra a natureza e seus seres. O 8 de março é um dia de luta contra a propriedade privada... também no âmbito das relações sociais, do casamento e da sexualidade. Cama, mesa e banho. É isto mesmo... queremos abolir os poderes de latifundiários, empresários, políticos, patrões, maridos e senhores. Horrorizai-vos! O 8 de março é um dia anti-burguês, contra as ridículas homenagens burguesas que tentam continuar emburrecendo as mulheres com tradição, família & propriedade ou flores, bombons & um laço de fita, ou mitos do amor romântico, da beleza e da maternidade. Horrorizai-vos! é contra tudo isso que lutamos, articulando classe-gênero e etnia na construção de um eco-socialismo feminista.

E a burguesia grita!! "Vocês mulheres, feministas, comunistas querem introduzir a comunidade das mulheres!!" É verdade! Já vivemos assim! Já somos comunidade e construímos na luta nossa unidade entre mulheres do campo e da cidade! Não aceitamos ser reduzidas a instrumento de produção e reprodução do capital, da família e do poder masculino. Nós arrancamos nós mesmas das formas violentas e históricas que querem nos manter subordinadas, minorizadas e desiguais.

Neste exato momento centenas de mulheres camponesas do Rio Grande do Sul estão debaixo da lona preta, debaixo do eucaliptal, num dos 200 mil hectares das multi-imperialistas do agronegócio florestal - Aracruz, Votorantin, Stora Enso, Boise... - denunciando que o deserto verde está impedindo a reforma agrária e inviabilizando a agricultura camponesa.

Neste exato momento as mulheres da Via Campesina e suas crianças morrem de pena das árvores enfileiradinhas, da terra ocupada com nada, do alimento que não brota do chão, da água que não tem mais tempo de molhar. Observadas pela Brigada Militar - seus cavalos e cachorros - as mulheres abençoam o mundo e dormem entre o medo e a solidariedade. Toda a campina se ilumina perdoando as árvores de mentira em sua feiúra. E no escuro, elas se fazem Via... láctea, campesina, revolucionária e planejam hortas, pomares e cozinhas de um plano camponês para o Brasil.

Neste exato momento mulheres fortes, atentas e decididas fazem a segurança do acampamento nas terras da Boise. Quem quiser doçura, carinho, afeto e graciosidade... melhor que escreva sobre confeitarias ou almofadas. O grande amor da vida delas vai misturado com a capacidade de saber endurecer... perdendo a paciência quando precisar.

Elas perdoam as mulheres burguesas e suas mentirinhas, as feministas interrompidas e suas teologias, mas não toleram mais discursos gerais sobre mulheres inexistentes, nem elogios da diferença que não fazem diferença alguma. É por dentro da luta de classes que a luta das mulheres trabalhadoras acontece. É por dentro das mulheres que a luta de classes avança.

Horrorizai-vos! Senhores teólogos. O 8 de março chegou anunciando também- contra toda a esperança! - que os dias do deus-pai estão contados e que há de chegar o dia - e já veio - em que se fará teologia com o coração ardente, contra toda violência e propriedade.

* Pastora metodista. Coordenação nacional da Comissao pastoral da terra-CPT

Mulheres da Via Campesina bloqueiam avenida durante protesto

Cerca de 600 mulheres da Via Campesina realizaram protesto, na manhã desta quinta-feira, 8, em frente à Torre Iguatemi, na avenida Eng. Santana Júnior, em Fortaleza. A manifestação seria para marcar o Dia Internacional da Mulher.

Os manifestantes queimaram pneus e interditaram uma das faixas da avenida, no sentido Papicu. Além disso, foram jogados ovos e tintas no prédio. De acordo com repórter do O POVO, os bombeiros foram acionados para o local, e os participantes do protesto seguiram a caminhada na direção da Via Expressa.

Teologia da Libertação

é um movimento cristão de teologia política, que engloba várias correntes de pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de uma libertação de injustas em condições econômicas, políticas ou sociais. Ela foi descrita, pelos seus proponentes como "uma interpretação da fé cristã através do sofrimento dos pobres, sua luta e esperança, e uma crítica da sociedade e da fé católica e do cristianismo através dos olhos dos pobres", enquanto seus detratores, a descrevem como marxismo cristianizado.
Embora a teologia da libertação tenha se tornado um movimento internacional e inter-denominacional, ela começou como um movimento dentro da Igreja Católica na América Latina nos anos 1950-1960. A Teologia da libertação surgiu principalmente como uma reação moral à pobreza causada pela injustiça social naquela região. O termo foi cunhado em 1971 pelo peruano padre Gustavo Gutiérrez, que escreveu um dos livros mais famosos do movimento, A Teologia da Libertação. Outros expoentes são Leonardo Boff do Brasil, Jon Sobrino de El Salvador, e Juan Luis Segundo do Uruguai.
A influência da teologia da libertação diminuiu após seus proponentes, e seu movimento serem admoestados pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) em 1984 e 1986. A Santa Sé criticou certos conceitos da teologia da libertação como a focagem de pecado institucionalizado ou sistêmico, excluindo os criminos individuais, e o incentivo a luta de classes.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Comissão Pastoral dos Pescadores realiza Assembleia Anual de Avaliação e Planejamento

O Conselho Pastoral dos Pescadores, do Regional Nordeste 1 da CNBB (Ceará), realizará nos dia 1, 2 e 3 de março, sua Assembleia Anual de Avaliação e Planejamento. O momento tem como objetivos avaliar a caminhada do CPP do Ceará e planejar os próximos passos.
Representações das comunidades pesqueiras acompanhadas pelo CPP, do litoral leste e oeste do estado, além de parceiros e outros membros dos demais regionais do CPP, participarão da Assembleia.
A abertura será 9 horas do dia 1º, onde será realizado um momento de análise de conjuntura a partir das próprias comunidades, e posteriormente serão planejadas as ações a partir das linhas: Território e Meio Ambiente, Trabalho e Renda, Direitos e Organização. 
Para Ormezita Barbosa, secretária executiva do CPP, se espera dessa Assembleia realizar um rico momento de partilha, de troca de saberes e uma festiva celebração. O Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) fica na Avenida Francisco Sá, 1823 - Casa A1, Jacarecanga, Fortaleza.

Manifesto das Organizações Sociais do Campo

As entidades: APIB, CÁRITAS, CIMI, CPT, CONTAG, FETRAF, MAB, MCP, MMC, MPA e MST, presentes no Seminário Nacional de Organizações Sociais do Campo, realizado em Brasília, nos dias 27 e 28 de Fevereiro de 2012, deliberaram pela construção e realização de um processo de luta unificada em defesa da Reforma Agrária, dos direitos territoriais e da produção de alimentos saudáveis.
Considerando:
1)    O aprofundamento do capitalismo dependente no meio rural, baseado na expansão do agronegócio, produz impactos negativos na vida dos povos do campo, das florestas e das águas, impedindo o cumprimento da função socioambiental da terra e a realização da reforma agrária, promovendo a exclusão e a violência, impactando negativamente também nas cidades, agravando a dependência externa e a degradação dos recursos naturais (primarização).
2)    O Brasil vive um processo de reprimarização da economia, baseada na produção e exportação de commodities agrícolas e não agrícolas (mineração), que é incapaz de financiar e promover um desenvolvimento sustentável e solidário e satisfazer as necessidades do povo brasileiro.
3)    O Agronegócio representa um pacto de poder das classes sociais hegemônicas, com forte apoio do Estado Brasileiro, pautado na financeirização e na acumulação de capital, na mercantilização dos bens da natureza, gerando concentração e estrangeirização da terra, contaminação dos alimentos por agrotóxicos, destruição ambiental, exclusão e violência no campo, e a criminalização dos movimentos, lideranças e lutas sociais.
4)    A crise atual é sistêmica e planetária e, em situações de crise, o capital busca saídas clássicas que afetam ainda mais os trabalhadores e trabalhadoras com o aumento da exploração da força de trabalho (inclusive com trabalho escravo), super exploração e concentração dos bens e recursos naturais (reprimarização), flexibilização de direitos e investimento em tecnologia excludente e predatória.
5)    Na atual situação de crise, o Brasil, como um país rico em terra, água, bens naturais e biodiversidade, atrai o capital especulativo e agroexportador, acirrando os impactos negativos sobre os territórios e populações indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e camponesas. Externamente, o Brasil pode se tornar alavanca do projeto neocolonizador, expandindo este modelo para outros países, especialmente na América Latina e África.
6)    O pensamento neodesenvolvimentista centrado na produção e no lucro, defendido pela direita e por setores de esquerda, exclui e trata como empecilho povos indígenas, quilombolas e camponeses. A opção do governo brasileiro por um projeto neodesenvolvimentista, centrado em grandes projetos e na exportação de commodities, agrava a situação de exclusão e de violência. Consequentemente não atende as pautas estruturais e não coloca a reforma agrária no centro da agenda política, gerando forte insatisfação das organizações sociais do campo, apesar de pequenos avanços em questões periféricas. 
Estas são as razões centrais que levaram as organizações sociais do campo a se unirem em um processo nacional de luta articulada. Mesmo reconhecendo a diversidade política, estas compreendem a importância da construção da unidade, feita sobre as bases da sabedoria, da maturidade e do respeito às diferenças, buscando conquistas concretas para os povos do campo, das florestas e das águas.
Neste sentido nós, organizações do campo, lutaremos por um desenvolvimento com sustentabilidade e focado na soberania alimentar e territorial, a partir de quatro eixos centrais:
a)    Reforma Agrária ampla e de qualidade, garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas e quilombolas e comunidades tradicionais: terra como meio de vida e afirmação da identidade sociocultural dos povos, combate à estrangeirização das terras e estabelecimento do limite de propriedade da terra no Brasil.
b)    Desenvolvimento rural com distribuição de renda e riqueza e o fim das desigualdades;
c)    Produção e acesso a alimentos saudáveis e conservação ambiental, estabelecendo processos que assegurem a transição para agroecológica.
d)    Garantia e ampliação de direitos sociais e culturais que permitam a qualidade de vida, inclusive a sucessão rural e permanência da juventude no campo.
Este é um momento histórico, um espaço qualificado, com dirigentes das principais organizações do campo que esperam a adesão e o compromisso com este processo por outras entidades e movimentos sociais, setores do governo, parlamentares, personalidades e sociedade em geral, uma vez que a agenda que nos une é uma agenda de interesse de todos e todas. 

Brasília, 28 de Fevereiro de 2012.
APIB – Associação dos Povos Indígenas do Brasil
CÁRITAS Brasileira
CIMI – Conselho Indigenista Missionário
CPT – Comissão Pastoral da Terra
CONTAG – Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura
FETRAF – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
MCP – Movimento Camponês Popular
MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - Via Campesina Brasil

quinta-feira, 1 de março de 2012

Combate à desigualdade exige mudanças estruturais


Oxalá em 2012 haja maior participação popular nas mobilizações e no debate sobre os verdadeiros desafios que estão postos para a sociedade brasileira

Terminando o carnaval e as medíocres noticias propagadas pela grande imprensa, sempre em torno de algum acidente, das artimanhas dos carnavalescos etc, a pauta política volta a ter importância na sociedade. Ou seja, passada a fase do circo, é hora da realidade tomar conta do Brasil.
Superávit e a política econômica
O governo anunciou o corte de 55 bilhões de reais do orçamento que havia sido aprovado pelo Congresso algumas semanas antes. Segundo o que a grande imprensa noticiou muitos cortes se referem a emendas parlamentares, que se destinam a municípios, mas também a verbas de saúde, educação... Por outro lado, na época da aprovação do orçamento, os parlamentares renovaram a medida que autoriza a Presidência a destinar a seu juízo, nada menos do que 20% de todo orçamento da União. Ou seja, o governo, se quiser, tem um poderoso instrumento com total liberdade para aplicar os recursos públicos orçamentários, nas políticas que possam resolver de fato os problemas prioritários do povo. Mas infelizmente os sinais que vêm do Planalto não são esses, e o governo mantém uma visão estreita, vesga, preocupado apenas com as contas públicas, com a inflação, tal qual outros governos.
A questão fundamental não é o valor do orçamento nem seus cortes. A questão fundamental é que o governo precisa abandonar a política de juros altos (os maiores do mundo) e a transferência de renda de todos os brasileiros via superávit primário para os bancos. Nenhum país do hemisfério norte pratica a política de superávit. E todos eles têm déficit nos seus orçamentos. Por que o Brasil insiste com essa política burra, que beneficia apenas 5 mil famílias de ricos brasileiros e estrangeiros que especulam seu capital financeiro aplicando em títulos do governo federal, que têm maior segurança do mundo, e as mais alta taxas de juros?

Combate à desigualdade social
A presidenta Dilma disse no Fórum Social Temático em Porto Alegre - e com frequência volta a repetir em espaços públicos - que a meta prioritária de seu governo é o combate a desigualdade social. Todos concordam. Aliás, será a única forma de dar um passo mais a frente do que já foram as políticas de assistência social do governo Lula.
Os movimentos sociais estão convencidos de que se o governo está mesmo interessado em perseguir o combate à desigualdade social, é necessário mudar a atual política econômica. Começando pelo superávit primário e pela taxa de juros. E, junto com a mudança dos atuais critérios de superávit primário, será necessário implementar uma reforma tributaria, que deixe de penalizar os mais pobres e penalize os mais ricos. Como bem explicou, em entrevista ao Brasil de Fato da semana passada, o assessor especial do Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), Rodrigo Thompson.
Não é possível pensar em combater a desigualdade social, sem aplicar mais recursos para educação, como pedem os movimentos para que seja de no mínimo 10% do PIB (Venezuela aplica 9%, Cuba e Coreia do Sul cerca de 16% do PIB).
Não é possível combater a desigualdade social no meio rural, sem promover a democratização da propriedade da terra com uma vigorosa reforma agrária.
Não será possível combater a desigualdade social nas grandes cidades, sem um programa virtuoso de geração de empregos industriais, de maiores salários, e de uma reforma urbana, que combata a especulação imobiliária, que inviabiliza o acesso a moradia digna pelos mais pobres.
As vozes conservadoras do governo já têm a frase pronta. Mas não há correlação de forças políticas para fazer essas mudanças. Pois então promova-se a reforma política, que vai democratizar o processo eleitoral brasileiro e criar condições de maior democracia, de maior participação popular. Assim como é necessário que o governo tome em conta que somente a mobilização popular pode ajudá-lo a fazer reformas estruturais. E o que se vê dentro do governo é um medo das mobilizações, como se elas não fossem parte do processo democrático. As massas têm nas mobilizações sua única forma de exercer pressão e poder político.
Oxalá em 2012 haja maior participação popular, nas mobilizações, no debate sobre os verdadeiros desafios que estão postos para a sociedade brasileira, se quisermos caminhar para uma democracia verdadeira e combater a desigualdade social.
Muitos movimentos sociais têm anunciado mobilizações para as próximas semanas, que devem começar com atos unitários em torno do dia da mulher trabalhadora (8 de março). Depois haverá mobilizações unitárias de professores em todo o país, além de mobilizações no meio rural, com o Movimento de Atingidos por Barragens, o MST, os povos indígenas, etc.
Se o povo sair às ruas, 2012 será muito mais quente e conturbado do que se pode imaginar