Depois que o senador do PMDB deixou a
sociedade, em 2011, tamanho dos negócios com estatal diminuiu
Em dezembro de 2011, o senador transferiu os 50% de cotas que detinha na
empresa — no valor de R$ 4 milhões — para os outros sócios, Nelson Ribeiro
Neves e Rodrigo Castro Alves Neves. Atualmente, os dois continuam sendo os
donos do negócio.
Depois da saída de Eunício, a Manchester perdeu força nas contratações
pela Petrobras. Até 2011, a empresa assinou nove contratos, que somam R$ 978,4
milhões. Cinco foram firmados a partir de cartas-convite e quatro por dispensa
de licitação. Do período em que Eunício era sócio, só permanece ativo o maior
dos contratos, para o qual a Manchester participou de concorrência com outras
empresas.
A partir de 2012, já sem o senador do PMDB na sociedade, a empresa
obteve cinco contratos, mas com valores bem mais modestos: ao todo, R$ 68,5
milhões. Desde julho de 2013 — há quase dois anos, portanto — a Manchester não
conquista novos serviços na estatal. Deste período pós-Eunício, três contratos
ainda estão em vigor, o mais longevo até fevereiro de 2016.
CONTRATO FECHADO EM MACAÉ
Depois que a Petrobras mudou seu portal da transparência, tornando
possível consultar a quantidade e o valor dos contratos com cada empresa, foi
possível descobrir, pela primeira vez, a extensão dos negócios da Manchester
com a estatal até o ano em que o líder do PMDB figurou como um de seus
proprietários. Tanto a matriz da Manchester, sediada em Brasília, quanto as
duas filiais, que ficam em Serra (ES) e em Macaé (RJ), prestaram serviços à
estatal.
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A Manchester é uma empresa de limpeza e outros serviços gerais, além de
locação de mão de obra temporária, construção de edifícios, paisagismo e coleta
de resíduos, conforme registro na Receita Federal.
O maior contrato com a Petrobras, de R$ 617,9 milhões, foi firmado pela
filial de Macaé. Os serviços prestados são “suplementares de apoio à gestão
empresarial”, conforme o portal de transparência da Petrobras. Este contrato já
foi aditivado nove vezes.
Outros serviços prestados pela empresa na Petrobras são de conservação e
limpeza de prédios, escrituração fiscal e, de acordo com o portal, gestão de
“facilidades prediais”.
ALTERAÇÕES CONTRATUAIS
Em 2007, foi firmado um contrato no valor de R$ 246 milhões para
serviços suplementares de apoio à gestão. Em 2010, a Manchester obteve outro
contrato, no valor de R$ 77,7 milhões, para serviços de apoio administrativo.
Em 2011, último ano de Eunício na sociedade, foram fechados nada menos que sete
contratos, no valor total de R$ 654,6 milhões, sendo que o maior deles é de R$
617,9 milhões.
Procurada pelo GLOBO, a assessoria de imprensa de Eunício encaminhou
dois documentos com alterações contratuais na Manchester. O primeiro, de abril
de 1998, registra que, a partir daquela data, a gerência do negócio passaria a
ser feita somente por Nelson Neves. O segundo, de dezembro de 2011, informa que
o senador “cede e transfere” suas cotas no valor de R$ 4 milhões para Nelson
Neves (R$ 3,2 milhões) e Rodrigo Neves (R$ 800 mil). Os dois passaram a ser
donos exclusivos da empresa, com capital de R$ 8 milhões.
Tanto a assessoria do senador quanto os atuais proprietários da
Manchester sustentam que a “cessão e transferência” citada no documento
significa uma efetiva venda das cotas societárias do parlamentar aos seus
ex-sócios.
“O senador considera os documentos enviados suficientemente
esclarecedores. Houve o afastamento, em 1998, de qualquer gerência e
administração da sociedade. E, em 2011, a venda das cotas e o total afastamento
da empresa”, afirmou a assessoria de imprensa de Eunício.
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Segundo Eraldo Magalhães de Queiroz, representante comercial da
Manchester que deu explicações em nome da empresa, não houve qualquer
ingerência do senador nas contratações pela Petrobras:
— Somos prestadores de serviços, com problemas normais na execução
desses contratos, que estão sempre indo e vindo. Duram de um a três anos e
acabam. Novos contratos só são possíveis a partir de novas licitações. Perdemos
uma licitação recentemente, inclusive — disse Queiroz.
O GLOBO enviou perguntas à Petrobras sobre os contratos com a
Manchester. A estatal não respondeu.
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