quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A IGREJA E OS POBRES

NA POBREZA DA IGREJA,
A FORÇA DO EVANGELHO
Uma das críticas que se repete sobre a Igreja diz respeito à sua riqueza: templos suntuosos, palácios, edifícios, terras, colégios, hospitais, museus, obras de arte, objetos sacros de ouro ou prata.
Há dificuldade de se entender que a Igreja, em grande parte responsável pela criação e pela história da civilização ocidental, é portadora de toda a riqueza dessa mesma civilização.
Muita dessa riqueza é inalienável, por se tratar de arte e cultura. Porém, mais difícil é entender como a Igreja, que se diz seguidora de um Cristo pobre e sofredor, pôde tornar-se tão rica e ter hoje tanta dificuldade de despojar-se, para voltar à sua pobreza original, na qual resplandece a força do Evangelho.
Na verdade, desde o Concílio Vaticano II (1962-1965) vem acontecendo um grande processo de empobrecimento da Igreja. Na constituição dogmática Lumen Gentium, dizia o Concílio:
"Da mesma maneira (que Cristo) a Igreja, embora necessite dos bens humanos para exercitar sua missão, não foi instituída para buscar a glória terrestre, mas para proclamar, também pelo seu próprio exemplo, a humildade e a abnegação" (LG 8).
Desde então, muitos bispos, padres e freiras passaram a viver de modo mais pobre que antes. A Igreja fez sua a opção de Jesus Cristo pelos pobres, usou de suas terras para fazer reforma agrária, pôs a serviço das populações pobres os seus colégios e hospitais, sua liturgia despojou-se de pompas, seus templos passaram a ser mais simples.
A OPÇÃO PELOS POBRES
Por outro lado, cresceu a consciência de que é missão da Igreja socorrer os empobrecidos do mundo, tanto mais que o processo de globalização econômica exclui da mesa comum multidões de pobres.
O Concílio lembra: "Semelhantemente (a Cristo) a Igreja cerca de amor todos os afligidos pela fraqueza humana e reconhece, mesmo nos pobres e sofredores a imagem de seu Fundador pobre e sofredor" (LG 8).
A Sagrada Escritura é clara ao mostrar que a revelação de Deus acontece sempre do lado dos mais fracos. Deus nunca está do lado dos faraós, dos reis opressores, dos poderosos, dos doutores da lei e dos sacerdotes sacrificialistas. Os lugares em que Deus se revela com mais clareza são aqueles em que os pobres mais sofrem: a escravidão no Egito, o exílio na Babilônia, as perseguições aos profetas, o sofrimentos dos órfãos e viúvas, a cruz de Jesus, as prisões dos primeiros cristãos. Na Bíblia, Deus se revela como pai dos pobres, defensor dos pequenos, libertador dos oprimidos. O próprio Deus feito homem, Jesus de Nazaré, se fez pobre, viveu e morreu como pobre.
As primeiras comunidades cristãs, apesar de contarem entre seus membros pessoas de posse, viviam na simplicidade, repartiam seus bens, não deixavam que alguém passasse necessidade.
A Igreja, por fidelidade ao seu Senhor, não poderá abandonar as multidões de pobres que crescem a cada dia. Dizem os bispos latino-americanos no Documento de Santo Domingo (1992):
"O crescente empobrecimento a que estão submetidos milhões de irmãos nossos, que chega a intoleráveis extremos de miséria, é o mais devastador e humilhante flagelo que vive a América Latina e o Caribe" (DSD 179).
Os bispos diante desse flagelo, resolvem: 
"Assumir com decisão renovada a evangélica opção preferencial pelos pobres, seguindo o exemplo e as palavras do Senhor Jesus, com plena confiança em Deus, com austeridade de vida e partilha de bens" (DSD 180)
.
CONFIANÇA EM DEUS
Como posicionar-se diante de tudo isso? Em quem confiar? Na riqueza do mundo, na globalização econômica, na ilusão das leis do mercado, que prometem que o bolo quando crescer será repartido entre todos? Ou, na fraqueza da cruz de Cristo, na simplicidade dos meios para evangelizar, na parceria com os pobres e seus mutirões, na confiança de que um mundo novo é possível a partir das pequenas causas?
Concílio Vaticano II sobre isso assegura: "(A Igreja) é fortalecida [somente] pela força do Senhor ressuscitado, a fim de vencer pela paciência e pala caridade suas aflições e dificuldades tanto internas quanto externas, para poder revelar ao mundo o mistério de Cristo" (LG 8).
PARA REFLETIR:
1.   Qual a importância da pobreza para a vida e a missão da Igreja?
2.   Em que medida a riqueza pode atrapalhar ou ajudar na obra da evangelização

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