quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

QUEM SOMOS

I.              O que é a Pastoral Social

A Pastoral Social é expressão da caridade e da solicitude da Igreja com as situações nas quais a vida está ameaçada. Expressão que renova, a cada dia, a lição da Gaudium Et Spes: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles e aquelas que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos e discípulas de Cristo”. Os diferentes serviços das Pastorais Sociais colocam-se na dinâmica do seguimento de Jesus, para que nele os marginalizados,
os excluídos - pobres, mulheres, crianças e adolescentes, sem terra, sem casa, os considerados “insignificantes” para o sistema, camponeses, indígenas, afrodescendentes, povos tradicionais, migrantes, itinerantes... Tenham vida e a tenham num ambiente preservado. Diante de um mundo marcado por profundas desigualdades sociais, a Igreja, segundo sua vocação própria, é chamada a seguir a Jesus, no compromisso de possibilitar que “todos tenham vida e a tenham em abundância”. É por este compromisso que a Igreja se faz solidária para com todas as pessoas que sofrem. Neste sentido, a Pastoral Social atualiza, em novos contextos, a solicitude de toda a Igreja para com as questões sociais, concretizando, assim, sua opção preferencial pelos empobrecidos e marginalizados. Quando afirmamos que a Pastoral Social faz opção pelos pobres e marginalizados, precisamos ter clareza de qual pobreza e de qual marginalização estamos falando. Não pode haver dúvidas. Falamos de pessoas que têm rosto, como insistem os  bispos latino-americanos e caribenhos em Medellín, Puebla e Aparecida, pessoas que vivem na pobreza real,
material, em condição “desumana”, que Medellín qualificou como “antievangélica”
e que Puebla retomou, pedindo uma opção preferencial. Este é um desafio à consciência humana e cristã.
A Pastoral Social é uma pastoral de conflito, porque atua no meio do conflito e com aqueles (as) que vivem no conflito. Optar pela vida e contra a morte provoca conflitos, é preciso assumi-los como oportunidades de transformação. Optar pelo Reino é optar pelas causas do Reino, causas que requerem uma militância profética. Como cristãos, não podemos nos omitir! Esta militância exige uma espiritualidade e uma mística capazes  de sustentar a perseverança na caminhada em busca da libertação. A vida de Jesus está pautada na lógica do amor  gratuito. Ele quer restaurar a vida das pessoas que estão condicionadas por estruturas de morte. Nas Pastorais Sociais, o conflito não pode ser negado. Ele deve ser vivido evangelicamente, sem posturas neutras, agressivas e violentas como também sem posturas passivas, triunfalistas, em que a paz literalmente se resume à ausência de “guerras”. As relações devem ser permeadas pelo amor, que é fruto da misericórdia e da justiça, da verdade e da paz.

II.            A identidade da Pastoral Social

A identidade da Pastoral Social da Igreja Católica no Brasil é resultado de uma caminhada de longos anos, durante os quais foi criando um “rosto” próprio, fruto das muitas ações que aqui e ali se articulavam para firmar o compromisso social das comunidades cristãs. Mesmo que, em situações anteriores, a Igreja tenha sido enfática ao recordar seu compromisso social, as primeiras iniciativas denominadas “Pastorais Sociais” somente começaram a se organizar a partir dos anos 70, como já referido no capítulo anterior. O ambiente sócio político e eclesial de seu nascimento marcou o perfil das primeiras pastorais. Tratava-se de um contexto de resistência e de luta para defender os direitos humanos, a vida e a liberdade. Se o contexto sociopolítico era negativo, a situação eclesial era, contudo, favorável. Vale lembrar a abertura da Igreja, o diálogo com a sociedade e a vocação e o protagonismo dos cristãos leigos e leigas promovidos pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Na América Latina, o encontro dos bispos em Medellín (1968) marcou uma profunda mudança da Igreja, a partir da opção em favor dos pobres, dos Direitos.
Humanos e da justiça. As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) foram o berço de onde surgiram muitas lideranças das Pastorais Sociais, dos movimentos sociais, dos sindicatos e dos partidos políticos democráticos. Muitos leigos e leigas, religiosos e religiosas, presbíteros e bispos  assumiram um posicionamento profético que colocou em prática as
opções pastorais de Medellín e Puebla, impulsionando e apoiando a Pastoral Social. Muitos pagaram com a própria vida essa busca de fidelidade a Jesus e ao povo. Todos lembramos   de pessoas cujas vidas
foram uma história de solidariedade e amor para com os humildes e empobrecidos. Em muitas paróquias, brotaram e consolidaram-se as CEBs e as Pastorais Sociais, nas quais a militância de muitos leigos  e leigas encontrou, no serviço da caridade, a expressão madura de sua fé e a fidelidade a seu batismo. A teologia da libertação encontrou, neste contexto de vida cristã, terreno fértil para a sua reflexão sobre a Igreja dos pobres e sobre um novo jeito de ser Igreja ou, como costuma dizer Dom Pedro Casaldáliga, “o jeito normal de a Igreja ser”.

III.           Missão da Pastoral Social

Jesus é o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Ele é a porta por onde as ovelhas podem passar. Nele elas encontram alimento em abundância; nele elas têm liberdade. “Para que tenham vida”. Este versículo sintetiza a missão de Jesus, a razão de ser de sua opção e de sua prática. Em defesa da vida, Jesus denuncia aqueles que ameaçam. o rebanho: ladrões e mercenários. Em defesa da vida, Jesus oferece um lugar aos que não têm lugar para viver, acolhe os que não foram acolhidos, recebe como irmãos e irmãs aqueles que sofrem até mesmo a exclusão religiosa. Numa sociedade em que muitos são os excluídos e marginalizados, sem condições de vida digna, fazer Pastoral Social significa assumir com Jesus a mesma luta em defesa da vida, participar do mesmo destino, sofrer com ele as mesmas tentações, vivenciar a mesma perseguição  e saber que isto pode levar até à morte. A missão da Pastoral Social coloca-se nas fronteiras da evangelização no mundo dos pobres e marginalizados. Hoje, como no tempo de Jesus, as multidões pobres estão “cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor”. Dentre os sujeitos da ação de Jesus estão os excluídos, porque considerados: imorais (prostitutas e pecadores) impuros (leprosos e possessos) marginalizados (mulheres, crianças e doentes) pobres (povo da terra, sem poder) Jesus anuncia o Reino a partir dos excluídos.

IV.          As Pastorais Sociais na CNBB

Integradas à Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, as Pastorais Sociais têm como objetivo ser presença de serviço na sociedade, desenvolvendo ali atividades concretas que viabilizem a transformação de situações específicas junto ao mundo do trabalho, nas situações nas quais se encontram povos de rua, crianças em situação de risco, sem terra, sem teto, mulheres marginalizadas, comunidades negras e no campo da mobilidade humana, junto aos presidiários, aos pescadores, aos trabalhadores rurais, aos sem moradia... As Pastorais Sociais vivem,
portanto, um desafio diante das exigências de responder às necessidades humanas em nome do Evangelho. Em função da capilaridade das Pastorais Sociais, cabe à Comissão da CNBB, em âmbito nacional, ser instrumento de animação e articulação destes diferentes serviços, compreendendo que as ações acontecem em diferentes ambientes e situações, nos quais se torna indispensável o discernimento urgente dos agentes.

 O diálogo permanente e franco pode levar a identificar, em conjunto, as causas.
da exclusão social em âmbito nacional, planejar e animar ações articuladas e de consenso que denunciem profeticamente tudo o que produz injustiça, desigualdade, miséria e que anunciem que outro Brasil é possível e está sendo construído por muitas iniciativas eclesiais e populares. A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade da Justiça e da Paz é constituída por nove Organismos e dez Pastorais Sociais Específicas. Compõem também a Comissão, o Setor das Pastorais da
Mobilidade Humana e a Comissão do Mutirão pela Superação da Miséria e da Fome. Organismos: Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Caritas Brasileira, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBRADES), Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais (CERIS), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Criança, Pastoral do Menor, Pastoral da Sobriedade e Pastoral da Pessoa Idosa. Pastorais Sociais Específicas: Pastoral Operária (PO), Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Pastoral dos Nômades, Pastoral Carcerária, Pastoral da Saúde, Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM), Pastoral do
Povo da Rua, Pastoral Afro-Brasileira e Pastoral da AIDS. Setor das Pastorais da Mobilidade Humana: Apostolado do Mar, Pastoral Rodoviária/estrada, Pastoral dos Migrantes, Pastoral dos Refugiados, Pastoral dos Nômades, Pastoral dos Pescadores e Pastoral do Turismo. Mutirão pela Superação da Miséria e da Fome: um secretariado
Para a dinamização do mutirão.

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